“O Joseleito, deve sempre inspirar-se na pedagogia gumercindiana e espalhar
instrução, educação e religião aos quatro ventos”
Por ocasião da festa de São José e do aniversário de emancipação da cidade de Tucano, aconteceu no Seminário São José (Casa Mãe – Noviciado) a visita das escolas da sede do município. Na visita, os irmãos apresentaram algumas partes do Seminário e contaram um pouco da História do Servo de Deus Padre José Gumercindo, despertando nos alunos e professores a propagação da santidade do nosso fundador, bem como o legado e contributo educacional por ele deixado.
Esses dois seguimentos, tanto o de educar, quanto o de evangelizar, não são antagônicos e jamais devem ser levados em conta separadamente, mas “o ministério e o magistério se complementam na formação do povo de Deus” (SANTOS, 1981, p. 137).
A religião, que na educação integral é imprescindível a observância de seus valores, pode contribuir para a construção da paz, do respeito, do diálogo e da relação entre o homem e o transcendente. O Pe. Gumercindo compreendia a educação não somente no sentido temporal, mas também eterno, haja visto que o homem não se resume somente na sua corporeidade ou a temporalidade, mas é uma síntese de temporal e eterno, e, portanto, a educação cristã, que tem por missão a formação do homem integral, passa pela temporalidade, na defesa da vida desde a concepção até o fim natural, no cuidado com a casa comum, até a eternidade, não podendo esquecer jamais do horizonte da salvação.
instrução e educação – ainda não perfazem todo o sentido da formação humana, para que a educação seja integral, deve dilatar e abrir caminho para que a pessoa se relacione com aquele que dá sentido à existência, ou seja, com Deus, por isso a necessidade da religião.
A educação, refere-se à formação integral do homem, que coloca a pessoa e sua totalidade no centro e num conjunto de relações, neste sentido, engloba a instrução como meio para se alcançar a educação, mas também abrange outras áreas que formam a pessoa, como por exemplo, o sentido da vida, as virtudes, os sentimentos, as emoções, a fraternidade, o bem comum, a cidadania e o cuidado com a casa comum.
O Pe. José Gumercindo Santos está entre os grandes homens que acreditaram no poder transformador da educação. Tanto é que hoje é considerado um dos maiores educadores do nordeste brasileiro. Ele teve, com fé, teimosia, sabedoria, paciência e muito trabalho, sua vida transformada e, por conseguinte, transformou a vida de tantas outras pessoas.
O Pe. Gumercindo soube muito bem conciliar a missão e a vocação do padre-educador, se por um lado dispensava os sacramentos e cuidava do povo, por outro, nunca perdia a oportunidade de ensinar e trabalhar em favor da educação com amor, sabedoria e disponibilidade. Portanto, ministério e magistério formam uma só coluna, do contrário, se se leva em conta esses aspectos de forma separada, corre-se o risco de não formar a pessoa na sua inteireza.

A educação é a principal ferramenta para a transformação do mundo. A filósofa Hannah Arendt afirma que “a essência da educação é a natalidade, o fato de que seres novos nascem para o mundo” (ARENDT, 2016, p. 222). Esta concepção de natalidade é muito significativa, pois é como se a educação desse à luz a novos seres para o mundo, e estes, o preserva do ódio, da violência e da barbárie.
Neste sentido, o Pe. José Gumercindo Santos via também a educação como esta renovação do mundo, ele afirma em suas memórias que a Igreja “como Mãe e Mestra deve abrir colégios para fechar cadeias” (SANTOS, 1981, p. 137), ou seja, na medida em que os homens trilham este itinerário educativo que forma para o bem e para o amor, passa a não ter mais a necessidade de um sistema carcerário para puni-los, pois surgem novos homens e mulheres que assumem suas responsabilidades pelo mundo e lutam para torná-lo cada vez mais habitável.

Texto: Irmão Rodrigo Ferreira Nascimento, sjc.