“Vocação é o olhar amoroso de Deus sobre cada pessoa”
Mergulhado no amor a Cristo e inspirado pela frase de São João Paulo II: “Vocação é o olhar amoroso de Deus sobre cada pessoa”, partilho convosco esta grande graça na minha vida, o meu chamado vocacional, e que assim possa alcançar-vos como um despertar do olhar que Deus tem para cada um de nós, na certeza que o testemunho é a mediação privilegiada do cultivo as vocações, pois coloca em destaque uma história de vida cheia de alegria ao serviço do Reino. E que assim como eu, alcançado por esse olhar misericordioso, que o meu testemunho possa também te alcançar como um convite a uma relação intima de amor com Deus. Testemunhar a minha vocação, é partilhar o quanto sou agraciado em receber tamanho dom à Vida Religiosa e ter em mente que de forma específica Deus me chama a suprema vocação de todo cristão, de portar frutos na caridade para vida do mundo (OT n. 16).
No livro do Gênesis quando Deus cria o homem, o cria um ser social que se relaciona com sé, com o próximo e com o seu Criador, o faz responsável e capaz de amar. Eis aqui o sentido da nossa vocação, são muitas histórias e rostos que me tocaram e que provavelmente foram capazes de cultivar a vocação, começando pela minha família, berço da fé e educação, e aqui destaco de forma muito afetuosa e carinhosa minha querida vó Nide, que colaborou incessantemente com a minha formação humana e cristã, a qual acredito que Deus se serve como canal de graça em minha vida, aqui destaco o seu exemplo de vida de oração, o incentivo a participação da Santa Missa e os seus ensinamentos catequéticos. A minha vocação já começa na terna idade, inclusive o meu nome é inspirado no Profetas Natã do 2º Livro de Samuel, escolhido por minha madrinha de Batismo.
Nasci e cresci em Tucano–BA, especialmente em um lugarejo conhecido como Creguenhem, onde se respira hospitalidade e muita devoção, lugar que nutri e cultivei a minha vocação em torno do altar de Santo Antônio, Padroeiro Paróquia a qual pertenço. Foi também na Matriz de Santo Antônio que um dia fui batizado e recebi pela primeira vez Jesus Eucarístico, a qual, desde da sua fundação recebe os cuidados pastorais dos Padres da nossa Congregação. Um dos fatos que guardo na memória e que marcou a minha vocação, aconteceu-me ainda criança no período do ensino fundamental, a escola era próxima da Igreja Matriz, um lugar que me atraia a sempre visitar, ali eu contemplava a imagem de Santo Antônio e suscitava dentro de me um desejo afável de um dia ser como o Santo. Como também, Deus olhou-me com seu olhar amoroso por meio das relações no seio da comunidade paroquial, onde fui capaz de exercer o meu serviço através das pastorais e movimentos.
Certa vez ouvir dizer que vocação é fruto de famílias que rezam, vos asseguro que esse foi e é o alimento da minha vocação, a vida de oração nos torna capazes de tecer uma relação profunda com Deus, que ainda mediante a tantas dúvidas Ele nos faz perseverar e estarmos dispostos ao Seu serviço. Se temos consciência da grandeza que ha dentro de nós, a nossa vocação será sempre fruto que nasce do coração de Deus e somente essa relação intima com Ele torna-nos capazes de realizá-la. Mas para responder ao chamado foi preciso colocar a minha vida em questão, pois para falar de amor é preciso primeiro amar, para falar de serviço é preciso primeiro servir e para definir um carisma como a sua identidade é necessário abraçá-lo. Essa foi a minha decisão, assim ingressei no seminário aos meus 19 anos no ano de 2017, e no mesmo ano recebi o sacramento da Confirmação. A decisão de ingressar na Congregação Joseleitos de Cristo, tenho a convicção que foi o próprio Deus que me escolheu, pois o fato de convier com os Padres na minha paróquia proporcionou-me conhecer, amar e ser nutrido do carisma gumercindiano.
São muitos os encontros que Deus se serve para guiar a minha vocação, hoje como professo temporário e estudante de Teologia aproveito para manifestar através do meu testemunho o quanto vale a pena responder de forma sincera ao chamado à Vida Religiosa como também ao Sacerdócio, e acredito que minha vocação nasce da certeza do olhar amoroso de Deus, manifestado por meio do cuidado, responsabilidade e o amor ao próximo, configurado no carisma gumercindiano. Creio que esse é o dom que foi-me confiado ao logo desses sete anos de Vida Religiosa e pelo resto da minha vida, ser um instrumento do olhar de Deus, em especial atenção aos órfãos, jovens e vocacionados, o qual vivo em fraternidade com os meus irmãos de carisma. E para terminar, antes de tudo, acredito que a nossa vocação deve ser um chamado a felicidade, ser feliz naquilo que se realiza tomando a vida pelas próprias mãos e colocando-a a serviço. Que a nossa busca por uma resposta seja sempre em diálogo com Deus, e que a graça recebida possa ser incarnada em nossa história, na nossa vida, pois a vocação a qual somos chamados esta também presente em nossa dimensão humana.
Ir. Natan Dias Pimentel, sjc