Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus (Mt 5, 14-16).
Caríssimos confrades Joseleitos, Pe. Severino Isaías, Assistente Geral dos Leigos e Leigas Joseleitos em todo o Brasil; Francisco Valter, pároco da Paróquia Santa Luzia do Bom Futuro, nosso companheiro de Comunidade, e queridos irmãos e irmãs aqui presentes, inclusive membros da RCC da nossa paróquia.
Neste 29 de agosto de 2022, nós, da Paróquia São Jorge e da Congregação dos Joseleitos de Cristo, vivemos um dia histórico, em face da consagração laical de vinte e dois irmãos e irmãs desta Comunidade paroquial e uma irmã da Paróquia Santa Luzia do Bom Futuro.
Antes de tudo, lembramos que nossa primeira e fundamental consagração está contida na graça do sacramento do batismo, alicerce de todas outras que a possam suceder. Desse modo, importa destacar que a ‘Profissão de Consagração Laical’ desses irmãos e irmãs se insere em suas vidas como um dom para que possam viver sua vocação cristã, de um modo específico, ou seja, como ‘Leigos Joseleitos’, que é uma nova vocação. Nós, Joseleitos, somos herdeiros de um carisma (Dom), concedido por Deus para a santidade da Igreja, tendo nosso Fundador, o Servo de Deus Pe. José Gumercindo, sido constituído destinatário e transmissor desse dom.
O Joseleito de Cristo, religioso ou leigo é alguém que faz a experiência de ser eleito por Cristo para seu seguimento e serviço ao Reino que ele nos revelou, tendo como referência São José, quanto ao modo de ser ao responder ao chamado divino.
Os Evangelhos nos mostram São José, o justo escolhido por Deus para ser esposo-protetor da Virgem Maria, Mãe do seu Filho, gerado mediante ação do Espírito Santo. Estando ao lado de Maria, José recebeu também a missão de ser Pai legal do divino Filho, Jesus, o Cristo.
A vida de São José é um rico testemunho de um homem de fé, que mantém plena confiança e obediência a Deus, acatando todas as diretrizes que lhe são transmitidas pelo anjo, o mensageiro celeste. Além disso, brilha como modelo de humildade e simplicidade na vivência da sua vocação e missão. Assim, faz-se servidor do projeto de Deus, aceitando caminhar ao lado dos pobres, configurados nas pessoas de Maria e seu divino Filho. Ela, a Mãe que precisava de um esposo que legitimasse a paternidade do Filho gerado por Deus em seu ventre, e Jesus, carente de um pai que lhe desse uma linhagem histórica, o protegesse e educasse, de modo a corresponder à missão recebida do Pai Eterno.
Ora, meus irmãos e irmãs, tendo São José como referência, lembremos que vocês como ‘Leigos Joseleitos’, bem como nós, ‘Religiosos Joseleitos’ devemos mirá-lo e imitar seu modo de viver, cultivando sem reserva a confiança e a obediência a Deus, aceitando sem restrições o que ele nos propõe, mesmo quando a missão confiada nos parecer muito difícil ou humanamente impossível. São José, porque acreditou e se submeteu à vontade divina apesar de todas as dificuldades impostas pela inusitada missão, teve o privilégio de tomar parte do mistério da encarnação de Jesus Cristo. Vendo-se diante de um mistério, portanto, incompreensível, portou-se com extrema humildade. Esta palavra, em sua origem, significa a pessoa se reconhecer pequena porque, sendo humana – ‘humus’, barro, pó, poeira – é fraca e dependente, sobretudo de Deus. Foi também um homem marcado pela simplicidade. O contrário de simples é complicado, palavra que em sua origem significa ‘com pregas ou dobras’, ou seja, que esconde, que pode não se mostrar como de fato é. Então, ser simples é um indicativo de busca em ser transparente, autêntico, verdadeiro, sem ter nada a esconder. São José nos ajude a viver assim, pois estaremos nos identificando com o próprio Jesus que se faz obediente (Fl 2 ,8) e humilde (Mt 11,29), sendo para nós garantia de verdade e vida (Jo 14,6).
Para concluir, lembramos que podemos imitar exemplos dos santos, mas somos essencialmente seguidores de Cristo e nossa vida deve ser uma viva profecia, um testemunho profético do que ele ensina. A propósito, na liturgia de hoje, em que celebramos a festa do martírio de São João Batista, lemos na primeira leitura, que ser profeta nos pode levar a situações desafiadoras. Porém, diz o Senhor que não tenhamos medo, pois ele será nossa fortaleza e defensor (cf. Jr 1, 17-19). É verdade que a narração da morte covarde e violenta do Profeta João Batista, a mando de Herodes, parece indicar o contrário (Mc 6,17-29). Entretanto, sua coragem e fidelidade profética não foram em vão, pois temos convicção de que nem a morte pode destruir aqueles que creem, já que estes são destinados a viver eternamente (Jo 11, 25-26). Portanto que continue iluminado nosso horizonte o exemplo e a intercessão de São José, animando-nos prosseguir nosso caminho de fé, humildade, obediência e serviço a Deus, com olhar voltado preferencialmente para os pobres.
Pe. Raimundo Ribeiro Martins, SJC