O cristão pela sua fé deve marchar para a morte, sorrindo (Servo de Deus Pe. José Gumercindo Santos).
Duas datas importantes na vida do Fundador: 08 e 10 de setembro.
Aniversário sacerdotal: Sinto-me tomado pela emoção ao narrar esse dia de festa na vida do nosso fundador, pois éramos envolvidos na festa que tinha como ponto alto a Solene Celebração Eucarística, presidida sempre por ele e rodeado de demais sacerdotes Joseleitos, das Irmãs do Divino Mestre e muitas vezes com a presença das Irmãs Teresinhas. A participação dos fiéis da Paróquia de Senhora Santana, de professores e alunos do CESG era bastante expressiva. Nesse dia, a festa era preparada pelas Irmãs da Congregação Divino Mestre, desde a missa ao almoço e tertúlias. A Irmã Theosete Gomes de Oliveira, coordenava este evento com maestria e muito amor. Ela tinha no seu rosto o sorriso, a felicidade e a delicadeza sem medidas para com o nosso Pai fundador, que na linguagem interna das Irmãs era chamado de “Paicindo”. Para a noite cultural, preparava-se sempre diversos números, especialmente teatro e poesias. A saudação inicial de abertura da noite era sempre feita por um Padre Joseleito. Eu a fiz no dia 08 de setembro de 1990. A noite cultural acontecia no do CESG.
O Pe. José era muito simples, porém neste dia usava um hábito novo e uma casula especial que a Irmã Theosete sempre reservava para as suas festas. Víamos em nosso querido fundador a felicidade por ter ao seu redor seminaristas, sacerdotes joseleitos, Irmãs e o povo de Tucano/BA. Ao fim da festa, era-lhe dada a palavra final para os agradecimentos. Tinha sempre palavras sábias e plenas de entusiasmo para os presentes nesta data magna, com gratidão.
Das festas grandiosas que aconteciam em 08 de setembro, sublinho duas: A primeira no dia de seu jubileu de ouro de vida sacerdotal, em 08 de setembro de 1984. Nesse dia foi feriado no município de Tucano/BA para a festa deste nobre Servo de Deus. O seminário São josé ficou pequeno para acolher os sacerdotes Joseleitos e diocesanos vindos de vários lugares. Os membros das três Congregações por ele fundadas estavam unidos em ação de graças e em festa, cantando o hino: “Teu jubileu de ouro celebramos, oh bom Padre Jose Gumercindo…”, de autoria da Irmã Theosete. A segunda, no dia 08 de setembro de 1991, por ocasião dos seus 57 de vida sacerdotal. A missa foi presidida pelo Pe. José, às 06:30 na Igreja matriz de Senhora Santana. Eu tive a graça de concelebrar e pregar. Porém, ao final da eucaristia ele tomou a palavra e por mais de 20 minutos recordou aquele dia inesquecível em que foi ordenado sacerdote no santuário do Sagrado Coração de Jesus em Recife. Entre tantas coisas, disse: “aqui está uma testemunha da minha ordenação, o Irmão Brito, que foi com sua mãe. Ele era ainda um menino de aproximadamente doze anos. Não sabíamos, mas era a última festa de aniversário celebrada com simplicidade e amor. Foi certamente a preparação para a festa no céu, dois dias depois.
Páscoa eterna do Pe. José Gumercindo: Esta é uma data muito importante, pois celebramos o dia da sua ida para o paraíso para servir a Deus e para a sua festa no céu, pois, segundo ele, no céu ninguém fica parado, mas trabalha e serve a Deus. Ele, que tanto nos ensinou o valor das celebrações e das festas mais importantes durante a nossa vida comunitária, nos ensina como ter esperança na vida eterna, pois esta realiza o sentido da vida presente. Ao celebrarmos seu aniversário de Páscoa Eterna, fazemos memória de seu legado espiritual deixados nos seus escritos e ditos. Lendo alguns sonhos, encontrei este escrito em seu livro (Para Boi Dormir, p. 117-118), que fala da importância da vida eterna. Transcrevo-o na íntegra para que possamos rezar e amar ao Deus de Bondade infinita. Vejamos:
VIDA ETERNA – SONHO. “O amor é o sentido da vida. Quanto mais esse amor for puro mais há vida. Pensando nisso sonhei que estava no céu. Fui levado pela mão de Maria aos pés da Santíssima Trindade. Vi, como numa redoma o Pai, o Filho e o Espírito Santo e o adorei. Vi, mas sem compreender. Havia um sentido de plenitude. Na terra sempre vi falhas nas coisas. Ali nada falhava. Tinha impressão de abranger com minha vista o universo inteiro. Ver a saciedade. Conhecer com liberdade. Amar com simplicidade. Deus é simples. O que é de Deus tem que ser simples. A nitidez universal é o banho de eternidade que se recebe diante de Deus. Ninguém pode medir tempo diante da eternidade. Nem há medida para medir o eterno. Aquilo que chamamos qualidade, em Deus é bondade. Aquilo que chamamos poder, em Deus é bondade. Aquilo que apelidamos beleza, em Deus é bondade.
Não se pode excluir de Deus a bondade, em nenhuma qualidade. Assim, pareceu-me que a qualidade de Deus é ser bom. Já dizia Jesus: Ninguém e bom senão Deus. À luz divina compreendi quanto é ruim não ser bom. Deus criou o ser humano para substituir o angélico. Deus criara os anjos para a sua glória e seu serviço. E cada anjo é uma espécie. A mente divina esmagou o orgulho angélico, fazendo-lhe compreender que o homem assumiria o comando do Universo caído.
Diante de Deus compreendi a razão da criação do homem. O espírito não tem sexo. Claro que Deus nunca deixará de criar mundos. Se Adão e Eva não tivessem desobedecido, teriam no entanto, filhos. Não fora ideia de Deus deixá-los sós. Lusbel, inteligentíssimo irou Deus. Isso o pôs abaixo dos homens. Essas ideias tive-as num relance, diante do aparato que via. Deus no mundo criou pares. Até Adão teve seu par. Toda a natureza é par. Tudo se propaga em par. A máquina criadora se propaga por amor. Deus é amor. Diante de Deus estive segundos a compreender tudo isso com nitidez de espírito. O amor unitivo faz parte de toda a criação. Cada anjo ou espírito celeste unindo-se espiritualmente ou celestialmente a uma alma humana completa o reino celestial. O amor de perfeição Deus colocou-o em seu termo Maria. E quer que todo ser humano salvo, se complete com o ser angélico no aparecimento de uma raça humano angélica. Eis a vingança nobre de Deus, quando se viu desprezado pelos espíritos orgulhosos. E haverá sempre os dois reinos. Assim é que entendi o que estava vendo. O amplexo do Pai e do Filho e do Espírito Santo e o abraço de Maria me puseram no amplexo de meu par. E foi me dado o Astro Y, Constelação T, Galáxia Nômade, para reger como Deus e criar como Deus.
Qual não foi o meu espanto, quando percebi que era as minhas bodas eternas com meu anjo da Guarda. E o José foi com seu par para o Astro Y da Constelação T, da Galáxia Nômade, por toda a eternidade servir a Deus. Também desta vez acordei-me compreendendo o sentido da vida do cristão que se salva. Compreendi também a palavra de Jesus, “Vos sois deuses”. E serão como anjos de Deus nos céus. Mas, tudo fora um sonho.”
Que as duas datas que celebramos, 08 e 10 de setembro sejam uma excelente oportunidade para refletirmos acerca do chamado de Deus a cada um de nós. Somos chamados para coisas muito importantes na terra. Que a Virgem Maria, nossa intercessora no céu, nos ensine a seguir a Jesus como discípulos-missionários. Deus sempre suscita pessoas santas para que a nossa vida seja sempre vivida com o desejo de amar e servir, como dizia Pe. José. Assim, a vida ganha mais sentido. Aprendamos com ele sonhar e viver a vida com entusiasmo, com élan. “Sempre gostei de sonhar. É muito bem verdade que se goza mais nos sonhos do que na própria realidade dos fatos. Julgo triste a criatura, que não sabe sonhar, que não sabe enganar-se por minutos, sonhando” (Pe. José Gumercindo, Para Boi dormir, p. 20).
Pe. Reinaldo Cruz de Santana, sjc.