A SANTIDADE: O SERVIR A DEUS NA PESSOA DO PRÓXIMO

A SANTIDADE: O SERVIR A DEUS NA PESSOA DO PRÓXIMO

“Porque tive fome e me destes de comer” (Mt 25, 35)

Deus em seu infinito amor inspirou e continua inspirando homens e mulheres no seio da Igreja para mostrar ao mundo o seu grande plano de misericórdia, que é a salvação do ser humano, dotado de vontade, racionalidade e liberdade criado a imagem e semelhança de seu Criador (cf. Gn 1, 26). Mostrando-se próximo e íntimo não somente àqueles que o seguem, mas a todo o gênero humano, chegada a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu único filho Nosso Senhor Jesus Cristo para que vertendo o seu preciosíssimo sangue no altar da Cruz recebêssemos a adoção filial de Deus Pai e libertos do mal do pecado tornássemos herdeiros do céu (cf. Gl 4, 4-7). Tendo completado o dia de Pentecostes, os apóstolos foram tomados pela força dinâmica de Deus, isto é, o seu Espírito, que os encarregou de anunciar o Evangelho de Jesus aos quatro cantos da terra (cf. At 2,1-4). Este é, por assim dizer, o papel da Igreja e de seus “santos”, a quem o Apóstolo Paulo denomina todos os batizados (cf. Cl 1,1-3), de levar a Boa-Nova do Evangelho, fazendo com que as pessoas conheçam pelas palavras, gestos e ações dos cristãos, o rosto misericordioso de Deus.

O que é santo (a) na Bíblia?

A palavra santo, ou sanctus (em latim) retoma a um termo utilizado no Antigo Testamento, Kadosh (hebraico) que significa “puro” ou “limpo”, palavra que serviu como a raiz comum de outras palavras relacionadas a esse mesmo conceito, como: “santidade”, “santificação”, “separação” e “consagração”.

O termo Kadosh é usado para designar indivíduos ou classes consagradas ao serviço do Senhor, como sacerdotes, anjos, primogênitos e outros (cf. Êxodo 13,2; Levítico 21,6; Deuteronômio 33,2-3). No Novo Testamento, sua tradução utilizou o termo hagios (do grego “santo”) é o mais usual para designar os santos que fazem parte do Corpo do Cristo (cf. Romanos 1,7; 1 Coríntios 1,2; 2 Coríntios 1,1; Efésios 1,1; Filipenses 1,1) Marcos 1,24; Lucas 1,35.

Assim, santo (a) na Bíblia, é a pessoa que faz da sua vida o possível para estar mais próximo (a) de Deus, seja cumprindo os seus mandamentos ou seguindo a sua Vontade, o que o torna uma pessoa “separada”, ou seja, consagrada a Ele.

Como podemos entender a santidade?

De acordo com as palavras de Papa Francisco, a perfeição a vida cristã e a santidade somente poderão ser alcançadas na misericórdia, que hoje deve ser traduzida na construção da fraternidade universal, no respeito e amor ao próximo, o que se qualifica também como solidariedade. Ser solidário, por exemplo, é ajudar alguém a atravessar um rio, é buscar entender os seus anseios, dificuldades, e ser fraterno é construir uma ponte sobre o rio a fim de que muitos possam atravessar o rio por si mesmos, como costumamos dizer “dar o peixe, ensinando a pescar”. A solidariedade se pratica pelas ações solidárias, muito necessárias e a fraternidade pelas ações políticas, que são imprescindíveis.

Na carta encíclica Fratelli Tutti, o Papa Francisco menciona o exemplo de fraternidade do São Charles de Foucauld com estas palavras: “o seu ideal duma entrega total a Deus encaminhou-o para uma identificação com os últimos, os mais abandonados no interior do deserto africano”. Naquele contexto, em que se encontrava,  afloravam os seus desejos de sentir todo o ser humano como um irmão, e pedia a um amigo: “Peça a Deus que eu seja realmente o irmão de todos”.

Muito ao contrário do que se pensa, santos não são super-heróis, mas pecadores, homens e mulheres de carne e ossos, que buscam e buscaram amar a Deus de todo o coração. O caminho percorrido por estes homens e mulheres foi de humildade e sofrimento, pois, deixaram Cristo ser o verdadeiro senhor, guia e mestre de seus pensamentos, palavras e ações. Estas pessoas antes de chegar à glória do céu viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, fatigas e esperanças, mas quando conheceram o amor de Deus, o seguiram de coração, sem nenhuma condição ou hipocrisia e buscaram também na figura do próximo fazer a Vontade d’Ele.

“Tive fome e me destes de comer”

Hoje a Igreja comemora Todos os santos e santas de Deus, isto significa que recorda em tom solene a história de inúmeros homens e mulheres que fizeram o bem a tantas pessoas, e por vezes passaram despercebidos. Seja com seus atos de simplicidade, generosidade, amor e gratidão foram o “rosto misericordioso de Jesus”, ou como dizia Madre Tereza de Calcutá “um lápis na mão de Deus” que serviram como um alento na vida de tantos necessitados.

Podemos nos perguntar hoje: será que olhando os seus exemplos de vidas, a minha vida atualmente condiz com a vontade de Deus?  Quais são os verdadeiros anseios dos que tem fome? Quais são os tipos de fome, que eu cristão, sou convidado a saciar?

Em nossa congregação, os Joseleitos de Cristo, temos o bonito e solidificador exemplo de vida doada aos pobres e esquecidos da sociedade, isto é, o nosso Fundador, o servo de Deus Pe. Gumercindo, que atualmente está em processo de beatificação-canonização. Que seu testemunho de homem temente a Deus e servidor dos pobres ajude-nos a saciar os “famintos e sedentos de justiça” de nossos dias.

Diácono Lourran, sjc

 

Referências:

CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja. In Vaticano II: mensagens, discursos e documentos. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2007.

PAPA FRANCISCO. O Papa: os santos nos lembram que a santidade pode florescer em nossas vidas. Disponível em: < https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-04/papa-francisco-audiencia-geral-oracao-santos-santidade-vida.html>. Acesso em 28 de outubro de 2022.

PAPA FRANCISCO. Exortação apostólica Gaudete et exultate. São Paulo: Loyola, 2016.

PAPA FRANCISCO. Carta encíclica Fratelli Tutti. São Paulo: Loyola, 2020.

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