A Celebração Pascal e a presença cotidiana de Jesus na Eucaristia

A Celebração Pascal e a presença cotidiana de Jesus na Eucaristia

A Celebração da Páscoa é uma das festas mais importantes para o povo hebreu, pois está ligada à saída da escravidão no Egito em direção à terra prometida. Para o cristianismo, a Celebração da Páscoa é uma continuação da promessa feita a Abraão e sua descendência. No mistério da encarnação, Deus novamente se aproxima do seu povo e torna-se visível, audível e tocável na pessoa de Jesus Cristo. “Quem me vê, vê o Pai” (Cf. Jo 14,9). A razão da nossa fé é Jesus Cristo, morto e ressuscitado.

Compreendendo um pouco sobre a vida de Jesus, ele nasce num ambiente periférico, longe de Jerusalém, mas como um judeu praticante, todos os anos, na companhia dos seus pais vai à Cidade Santa para celebrar a Páscoa, também chamada de “pessach” que significa passagem ou travessia. Esta, era celebrada por todas as famílias judaicas, com um ritual próprio. A Páscoa hebraica tem o seu centro na repartição do pão que vem repartido e distribuído entre a família, este pão, relembra a pão da aflição quando os judeus viviam a escravidão egípcia (Dt. 16,3), e, também, a oferenda do cordeiro. Para o povo de Deus a Páscoa é um memorial importante, isto é, deve ser celebrada como um verdadeiro memorial (Ex 12,14), não somente recordar um simples evento, mas reviver e atualizá-lo no cotidiano.

Jesus, para nós cristãos, é o verdadeiro cordeiro que foi imolado em sacrifício pelos nossos pecados. João Batista o apresenta aos seus discípulos como aquele que tira os pecados do mundo (Jo 1, 29). Assim como para os Judeus, para os Cristãos, a Páscoa é um evento soteriológico, ou seja, um evento para a nossa salvação. O próprio Cristo é o Cordeiro imolado, oferecido em sacrifício. E, para não se separar de nós, quis nos deixar o memorial de sua paixão por meio da mesa eucarística. Ele próprio é o Sacerdote e o Cordeiro oferecido em sacrifício para se tornar alimento para a salvação da humanidade.

O mesmo Jesus, que foi crucificado e morto, é o Filho de Deus, que ressurgindo dos mortos vive eternamente. A Páscoa cristã é o memorial deste grande evento e mistério da nossa fé que celebramos anualmente, mas não somente uma vez por ano, semanalmente e, também, diariamente podemos atualizar, “presencializando” este sacrifício de Jesus na santa missa. Toda vez que celebramos a Eucaristia, fazemos “anamnesi”, isto é, memória daquele evento que é o centro da nossa vida cristã. O termo grego supracitado, tem como significado “fazer memória”, não uma simples memória, mas é fazer memória viva, é reviver, como se o mesmo evento acontecesse de novo, como aconteceu com Jesus, na sua mais pura e perfeita originalidade.

Celebrar a Páscoa, portanto, não é fazer uma simples memória, mas é fazer memória viva, é reviver aquele evento que foi, que é e que será determinante para a nossa salvação. E, esta “anamnesi” nós a vivemos como um caminho que se faz rumo ao céu, ou seja, um itinerário que é vivido anualmente na grande festa da Páscoa do Senhor, semanalmente nas missas dominicais, e, também, diariamente. Neste sentido de caminho, se faz bem, mencionar, o Evangelista Lucas que nos mostra uma belíssima cena, que é aquela dos discípulos de Emaús, que estão retornando de Jerusalém para sua cidade e são surpreendidos por um companheiro de viagem. (Lc 24,13-35).  Nos relados de Lucas, Jesus demonstra interesse pelo assunto que eles estavam conversando ao longo do caminho. Eles lamentam a perda daquele que havia sido morto em Jerusalém. Para eles Jesus era um grande sinal de esperança e libertação, porém, tudo parecia ter acabado. Jesus lembra-lhes do que estava escrito nas Sagradas Escrituras sobre o Messias, e de como deveria sofrer antes de entrar na glória. Já em casa, Jesus é reconhecido no partir o pão e os discípulos de Emaús voltam alegres para Jerusalém para anunciar aos apóstolos que Ele ressuscitou e apareceu-lhes.

A vida de comunhão com Jesus é uma vida que se vive a cada dia. É uma Páscoa cotidiana. É um caminhar com Cristo, mesmo sem muitas vezes perceber a sua presença, mas Ele está ali. Jesus se aproximou dos discípulos, mas eles não O reconheceram, somente no momento que Ele voltando-se ao Pai, faz uma oração e reparte o pão. Naquele exato momento, eles O reconhecem. É na eucaristia, no partir e dividir o pão anualmente, semanalmente e diariamente, que se vive um itinerário de comunhão com Cristo. Podemos dizer, sem dúvidas que a Eucaristia dá uma tranquilidade ao coração e nele infunde uma grande paz e uma grande alegria.[1]

Portanto, a Eucaristia, como diz São João Paulo II: “É o ponto culminante de todos os sacramentos, pois ela nos leva à perfeita comunhão com Deus Pai, mediante a identificação com o Seu Filho Unigênito, por obra do Espírito Santo”.[2] E, esta comunhão, se torna cada vez mais perfeita quando se vive em caminho com Cristo, se aproximando, cada vez mais, dos sacramentos especialmente o sacramento da Eucaristia. Esperando o retorno escatológico de Cristo. Pois ele virá! E assim, recebendo-o, celebrando a Páscoa, podemos dizer: Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte enquanto esperamos a vossa vinda!

Ir. José Jeferson Rodrigues Cavalcante, sjc

Pe. Severino Isaias de Lima, sjc

 

BIBLIOGRAFIA

Biblia TEB. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1995

CIOLA N., Gesù Cristo figlio di Dio, Editoriale dehoniano, Bologna 2017.

GIOVANNI PAOLO II, Ecclesia de eucharistia. Lettera inciclica sull’eucaristia nel suo rapporto con la chiesa, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano 2003.

IMMITAZIONE DI CRISTO, Editrice Shalom, Ancona 2004.

PITTA A. – FILANNINO F., La vita nel suo nome. Tradizione e redazione dei Vangeli, San Paolo, Milano 2017.

VÍDEO DO YOUTUBE: https://www.youtube.com/watch?v=T5omLiZGoxk

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[1]Cfr. Immitazione di Cristo, Editrice Shalom, Ancona 2004, p. 227.

[2]Cfr.GIOVANNI PAOLO II, Ecclesia De eucharistia. Lettera inciclica sull’eucaristia nel suo rapporto con la chiesa, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano 2003, p. 43.

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