ROMARIA DO JUBILEU DE BRILHANTE AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA APARECIDA

ROMARIA DO JUBILEU DE BRILHANTE AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA APARECIDA

    Em ação de graças pelos 75 anos de fundação da Sociedade Joseleitos de Cristo e como parte das comemorações do ano do Jubileu de Brilhante da Congregação, aconteceu no dia 14 de setembro de 2024, festa da exaltação da Santa Cruz, a peregrinação dos Joseleitos de Cristo ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Com uma programação que se iniciou com o terço conduzido pelos padres e seminaristas com a participação dos leigos joseleitos.

     Em seguida, aconteceu a missa em ação de graças pelos 75 anos da Sociedade Joseleitos de Cristo, sob a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, presidida pelo cardeal Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, concelebrada por Dom Tarcísio Nascentes dos Santos, bispo diocesano de Duque de Caxias, pelo Pe. Francisco de Barros Barbosa – sjc, Diretor Geral e os demais padres da Congregação. Houve uma expressiva participação dos leigos que vieram de várias regiões do país.

     Em sua homilia Dom Leonardo, fala da importância de evangelizar como dom recebido e não escondido, para ser ofertado aos irmãos, para que todos possam conhecer o Evangelho. Recordando a cruz como um dom gratuito oferecido por Jesus para a nossa salvação, vendo o quanto Ele nos amou. Destacou o modo de vida do Pe. José Gumercindo Santos, assim como o apóstolo Paulo, o fundador da congregação também soube a importância de evangelizar. Enfatizou a característica missionária do Pe. José Gumercindo ao fundar três congregações durante sua vida, também destacou sua atuação como educador como elemento transformador para despertar para a dignidade de filhos e filhas de Deus.

   No fim de sua homilia, Dom Leonardo recordou o carisma deixado pelo Pe. José Gumercindo, citando as constituições da Sociedade, a regra de vida é o Evangelho que nos conduz e nos ilumina, estando o carisma ligado a especialmente a educação, a solidariedade para com os pobres e órfãos, animação e preparação dos vocacionados para uma vida religiosa e sacerdotal. Em suas palavras disse: ‘Pe. José Gumercindo viveu a cultura do acolhimento: recebeu, acolheu, ofereceu amor, calor humano’.

    Após a missa, os padres e leigos Joseleitos se reuniram para meditar a Via-Sacra no pátio da Basílica, com o texto baseado no devocionário, a cada estação foram se revezando os leitores, e com muita animação durante a caminhada foram cantados hinos compostos pelo Pe. José Gumercindo.

Mariana Al Zaher

Coordenadora Nacional dos Leigos Joseleitos

Segue a Homilia na íntegra de Dom Leonardo Cardeal Steiner:

AI DE MIM SE NÃO PREGAR O EVANGELHO

(1Cor 9,16)

 Irmãos e irmãs, romeiros e romeiras, religiosos e religiosas, queridos padres Joseleitos que vieram ao Santuário de Aparecida agradecer o dom do carisma iniciado a 75 anos. A confissão de São Paulo, na primeira leitura, a nós alentar, na celebração de ação de graças pelos 75 anos do carisma da Sociedade Joseleitos de Cristo: “Ai de mim se não pregar o Evangelho”. O ardor missionário do apóstolo, o desejo de anunciar Jesus do pregador dos gentios, a iluminar a nossa celebração.

São Paulo ensina que pregar o Evangelho é uma necessidade, uma imposição. “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho!” Atraído, conquistado, alcançado, como ele mesmo o afirma, por Jesus, fez de tudo para que Jesus e o seu Reino fosse conhecido, amado e vivido. Fundador de comunidades, animador e educador na fé, nos dizia que “pregar o Evangelho não é uma iniciativa minha, trata-se de um encargo que me foi confiado”. Evangelizar, anunciar como dom recebido, mas não guardado, escondido. Dom recebido para ser ofertado aos irmãos e irmãs. O dom a Jesus que desperta para levar, ofertar aos outros para que possam conhecer a Jesus e viver da vida do Reino.

O anúncio, a pregação, a peregrinação, as viagens, os sofrimentos, os embates, as perseguições, a prisão, toda a missão, tinha segundo ele, gosto e razão de gratuidade. A gratuidade ele o expressava na primeira leitura: “oferecendo o Evangelho de graça e sem usar o direito que o Evangelho me dá. Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.” Dinamizado pela gratuidade da vida do Evangelho torna-se escravo, servo de todos. Significa nada para si, tudo para os que ainda não conhecem a Jesus. Aquela mesma doação, oferta e amor do Crucificado: doação total! Hoje ao celebrarmos a Exaltação da Cruz do Senhor, rememoramos ainda mais o amor gratuito da Cruz. Cruz que nos conduz à gratuidade da fé.

O apóstolo dos gentios, imbuído de Jesus Crucificado Ressuscitado, percorreu caminhos sem descanso, pois levado pela graça e pela gratuidade. Por isso pode cantar: “Com todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. Por causa do Evangelho eu faço tudo, para ter parte nele.” Impulsionado pela atração. Por ter sido conquistado atraídos por Cristo diz: “a coroa que buscamos é incorruptível”. Sim, a busca do Reino definitivo!

Ao celebrarmos os 75 anos de fundação da Sociedade Joseleitos de Cristo, recordamos o nosso fundador Pe. José Gumercindo Santos. Marcados estamos pelo seu modo de vida e pela inspiração suscitada pelo Espírito Santo, pois atraído como São Paulo: “Ai de mim se não pregar o Evangelho”. Nada de obrigação, tudo por atração. Quem se sente atraído no amor é tomado pela leveza, pelo contentamento, pela fecundidade da vida. Fecundidade da vida que traz a leveza quase infantil de viver. Uma pedagogia que abre constantemente possibilidades frente à cotidianidade dura e sofrida. A alegria da atração traz no seu bojo o sentido de fecundidade, uma maternidade-paterna em relação aos necessitados, aos desvalidos, aos que a sociedade rejeita, aqueles e aquelas que andam e navegam sem destino, sem porto, sem estrada, sem rio, sem chegada!

As Congregações por ele fundadas, a Sociedade Santa Teresinha, Irmãs Teresinhas, a Sociedade Joseleitos de Cristo, padres Joseleitos, a Congregação Divino Mestre, Irmãs Divino Mestre, são fruto de seu espírito segundo o Evangelho de não resistir à graça de pregar, de anunciar. Sinal da fecundidade de sua vida e ministério. O seu espírito missionário, o conduziu à nossa Amazônia, mais precisamente na Diocese de São Gabriel da Cachoeira.

O modo de viver se expressou como educador. Educar, elevar, transformar, despertar para a dignidade de filhos e filhas de Deus. A irmandade não nasce da dominação, mas do despertar para uma dignidade e justiça. O que desfaz os muros, o que concede proximidade, o que gera a fraternidade é o diálogo, o serviço, a abertura, o acolhimento, a alegria de acolher, a reverência no conviver, o prazer de servir. Uma irmandade, que transforma a vida em sociedade, tornando-a mais saudável, convivial, urbana. Uma fraternidade universal, pois vivemos numa casa comum, e todo ser participa da obra da criação. No desejo de ver Jesus, estender o nosso amor a “todo ser vivo” (FT 59), vencendo fronteiras e superando “as barreiras da geografia e do espaço” (FT 1).                                                                                                                                                                            

Pe. José Gumercindo, sentiu-se inspirado a uma vida, o carisma, que tem como Regra o Evangelho: “A regra de vida desta Sociedade é a Sagrada Escritura, especialmente o Evangelho”. Neste mês da Bíblia, essas palavras recebem um sabor especial. A Palavra de Deus, o Evangelho, como Regra de vida; uma vida direcionada, animada, iluminada pelo Evangelho. A Palavra que é Caminho, Verdade e Vida! Essa palavra tão atrativa, tão despertativa, tão despertadora, educadora.

Como diz um poeta hebreu: “Há aqui mais que uma simples atração, é uma verdadeira tração que Javé exerce sobre aqueles dos quais quer fazer adeptos do seu filho. O mesmo acontece com o amor que surge sob o impulso de uma irradiação inicial suficientemente forte para provocar o desprendimento que permite a união da luz. Essa luz é a do despertar e do levantar, a ressurreição que Jesus promete a seus adeptos no dia de Javé” (André Chouraqui).

Possamos ser fiéis ao que nos propõe as Constituições da nossa Sociedade como caminho do carisma: “O carisma dos Joseleitos está ligada, especialmente, à educação, assumida como apostolado: Levar e propor a doutrina cristã e educação da infância e da juventude; a solidariedade e promoção dos pobres sobretudo dos órfãos e dos idosos; a animação e preparação dos vocacionados pobres Para a vida religiosa e sacerdotal; o desenvolvimento de trabalhos e atividades profissionalizantes entre os meios urbanos e rurais, considerando-os como instrumentos de santificação; a propagação dos valores evangélicos através dos meios de comunicação social; a atuação em paróquias, segundo o espírito da Sociedade” (Const., 4).

Ao rendermos graças pelos 75 anos da Sociedade, continuemos fiéis à inspiração: “A ti deixei o pobre”, rezado no Salmo 10, versículo14. Nos pobres vejamos também nós, especialmente, nas crianças e nos adolescentes a razão da missão de educadores, como o Fundador. Diante da cultura do descarte, onde o ser humano não vale nada em relação aos benefícios econômicos, não deixarmos que essa cultura domine as nossas vidas, as nossas cidades, o nosso modo de vida. A indiferença que impede de ver! Como nos pede o Papa Francisco, “paremos de tornar invisíveis” os que estão à margem da sociedade, seja por motivos de pobreza, seja por motivos de dependência, doença mental ou deficiência. Pe. Gumercindo viveu a cultura do acolhimento: receber, acolher, dar amor, calor humano. Sabia que a ele tinha sido confiado o pobre.

Ao rendermos graças pelos 75 anos dos Joselitos, deixamos tomar graça de termos sido conquistados, atraídos como São Paulo! A atração que gera contentamento, vivacidade, ânimo, leveza, fecundidade de vida.

O Evangelho continue a ser a Regra de vida, a razão da Sociedade Joseleitos de Cristo. Deixemo-nos alimentar pelo Evangelho para podermos confessar com São Paulo: pregar o Evangelho é uma necessidade para mim. Ai de mim se eu não pregar o Evangelho! (1Cor 9,16). Pregar pela palavra e pelo serviço. Amém!