Acolher e educar com amor, obra do coração

Acolher e educar com amor, obra do coração

“Que vossos exemplos instruam vossos alunos muito mais que vossas palavras”

São João Batista de La Salle

A educação é base de toda forma de ensinar, contudo, é preciso ir ao âmago do educando. Noutras palavras, podemos dizer que educar é antes de tudo uma disposição do coração que se abre para chegar a outros corações. Educar é uma medida de doação que chega dentro do ser e passa a exigir uma tomada consciente de exterioridade. Quem instruí com amor é capaz de tocar a essência do aprendiz. A palavra é portadora de vida e deve mudar os cenários de violência e morte, gerar vida e integridade, o ensino vai além da palavra, ele é ação e reação.

Quando o horizonte da história humana é ampliado, pode-se dizer que a abertura ao aprendizado e a formação são meios de corresponder à construção de uma sociedade mais consciente de sua identidade, é um convite a uma grande fraternidade, na medida do coração. Um coração que se abre é enriquecido com a potência da sabedoria, busca de horizonte e verticalidade, dimensões necessárias para quem se faz discípulo do Mestre Divino, assim poderá escrever com a razão, com o coração, com a fé e amor.

Acolher é também uma disposição que carece de abertura. Por que fala-se de acolhimento? Fala-se porque faz parte da constituição humana a capacidade de acolhida, de abertura ao diálogo, de presença, relação com Deus, com as pessoas e com a criação.

A Sociedade Joseleitos de Cristo, fundada pelo Servo de Deus Pe. José Gumercindo Santos, traz em seu carisma operacional a dimensão do agir na difusão da doutrina cristã católica e educacional das crianças e jovens. Promover os pobres com singular olhar para os órfãos. O Pe. João Benevides se deixou tocar no coração e decidiu fundar a obra social o Lar das Crianças, que hoje se chama Lar das Crianças “Pe. João Benevides” nome dado após a sua páscoa. Essa obra fica no bairro do Embaú, na cidade de Cachoeira Paulista no estado de São Paulo.

Pe. João Benevides escolheu para protetor da obra social um dos protetores do nosso instituto religioso. São João Batista de La Salle, cuja memória litúrgica é celebrada em 7 de abril. Podemos constatar que a pedagogia e fé do santo foi uma forma para conduzir o Lar das Crianças e para a vida do próprio fundador do lar.

As virtudes que marcam a vida de São João Batista de La Salle são reconhecidas, viveu no século XVII, primogênito de sua família, nasceu no dia 30 de abril de 1651. Ainda jovem ficara órfão e assim aprendeu no próprio lar o ofício de educar seus nove irmãos. Nessa identidade podemos recordar do servo de Deus, Padre José Gumercindo, que foi apelidado de nozinho, que quer dizer senhorzinho. Foi provedor de um lar, quando fora abandonado, com sua mãe e irmã, pelo seu pai. Ele cuidara de prover algum sustento com venda de frutas.

As histórias são fruto da providência de Deus e de sua ação no mundo, com o propósito de chegar aos corações dos homens para formar de dentro para fora, do interior ao exterior.

São João Batista de La Salle, foi fundador do Instituto dos irmãos das escolas cristãs: Os Lasalistas. Irmãos que se dedicam a educação até os nossos dias. É preciso recordar que a forma de educação de S. J. B de La Salle é profunda e integral, ensinar com amor e fé era a sua meta. Assim pensou em salvar crianças e jovens pobres. Ação que é identidade carismática também da Sociedade Joseleitos de Cristo especialmente no Lar das Crianças “Pe. João Benevides”.

Embora não seja oferecida a educação formal propriamente dita, temos como objetivo orientar, acolher e apoiar, com ação sociofamiliar e socioeducativa, as crianças e jovens. Agimos numa educação integral, a pessoa não é preparada prioritariamente para produção ou para o mercado de trabalho, o horizonte é maior, por isso vale recordar: “educar sem ferir, amar sem distinção e corrigir sem deprimir” (SANTOS, 1981, n41), máxima que leva a compreensão da caridade evangélica.

A caridade é antes de tudo uma confiança autêntica na providência de Deus e foi assim que viveu São João batista de La Salle, colocou todos os seus bens a disposição para fundar escolas. Foi perseguido pela sociedade da época. Pensava ele, em seu íntimo, “Se é obra de Deus, ela crescerá, caso contrário, por si só acabará.” Essa lógica serve para olharmos os 45 anos de história do Lar das Crianças, e como afirmou o Pe. Gumercindo ao Irmão João Benevides – “Essa obra é de Deus.”

Podemos falar também do Lar das Crianças como uma obra do coração de Deus ao coração do padre João Benevides que se deixou tocar pela ação carismática do seu fundador, dilatando coração, ofereceu aos pobres este lar como lugar de educação e acolhida.

Se Deus se fez homem, teve um coração para chegar aos corações dos homens. Pode-se então concluir que todo serviço prestado na instituição é, antes de tudo, expressão de corações que se deixaram tocar pelo amor de Deus. Recordemos sempre: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Romanos 5,5).

Ensinar agora, portanto, significa se deixar conduzir por um ensinamento, é preciso, antes de tudo, aprender com o Divino Mestre. Entrar na escola d’Ele para que possamos desabrochar em amor, como manifestação da verdadeira oração, que é primeiramente operante. Trabalhando assim, agindo e reagindo na prática da caridade, ofertamos a beleza da fraternidade, na experiência profunda de quem ama, pois aquele que ama conheceu a Deus. (Cf 1Jo 4,8). O amor cabe nos braços abertos para acolher, aprendamos, pois, acolher com amor e formar e educar com o coração.

Pe. Wilton Robson Arruda de Lima, sjc.

 

REFERÊNCIAS

SANTOS, José Gumercindo. Pedaços d’Alma: Memórias. Bahia Artes Gráficas Ltda, Feira de Santana/BA, 1981.

SANTOS, José Gumercindo. Livro de Visitas Canônicas: Lar das Crianças. Cachoeira Paulista, 1983.

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